Advocacia do Senado pede prisão preventiva de Ciro Gomes por ataques contra prefeita de Crateús

  • 07/09/2025
(Foto: Reprodução)
Montagem com as fotos do ex-governador Ciro Gomes e da prefeita de Crateús e ex-senadora Janaína Farias Sistema Verdes Mares e Agência Senado A Advocacia do Senado pediu no início deste mês a prisão preventiva do ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT) por ofender, atacar e perseguir a ex-senadora e prefeita de Crateús (CE), Janaína Farias (PT). O pedido consta de uma ação da Justiça Eleitoral do Ceará na qual Ciro é réu por violência política de gênero contra Janaína. O juiz responsável pelo caso ainda não analisou a solicitação — feita em dois documentos protocolados nos dias 1º e 4 de setembro. A ação apura possíveis delitos em falas do ex-governador contra a atual prefeita de Crateús. As declarações de Ciro em referência à Janaína começaram em abril do ano passado, quando ela havia se tornado senadora no lugar do ministro da Educação, Camilo Santana. À época, durante uma entrevista, o candidato derrotado à Presidência em 1998, 2002, 2018 e 2022 criticou a posse de Janaína Farias no mandato de senador. Segundo ele, ela era um "cavalo" de Camilo. Na sequência, Ciro Gomes declarou que a única "realização" de Janaína era ter sido, nas palavras dele, assessora de "assuntos de cama" do atual ministro da Educação e ex-governador do Ceará. Declarações semelhantes foram feitas por Ciro nos meses seguintes. Às vésperas das eleições municipais, os ataques foram denunciados pelo Ministério Público Eleitoral cearense — como Janaína era senadora à época das falas, a Advocacia do Senado entrou e permaneceu como assistente de acusação. Neste mês, o órgão jurídico do Senado voltou a acionar a Justiça Eleitoral depois de Ciro Gomes voltar a mencionar Janaína Farias em entrevistas. Mais de um ano depois das primeiras falas, Ciro afirmou que a atual prefeita de Crateús "recrutava moças pobres e de boa aparência para fazer o serviço sexual sujo do senhor Camilo Santana". Para a Advocacia da Casa, as declarações demonstram que o ex-ministro da Integração Nacional continuou a cometer crimes, mesmo depois de se tornar réu na Justiça Eleitoral. A repetição dos delitos, na avaliação dos advogados do Senado, abre caminho para que Ciro Gomes seja preso preventivamente por risco à ordem pública. A Advocacia do Senado defende que, caso o pedido de prisão não seja acatado, a Justiça Eleitoral analise e decrete outras medidas cautelares, como a proibição de ofender Janaína Farias. "Sempre valendo-se de ataques à condição de mulher da vítima, o réu tem se demonstrado um criminoso habitual. [...] Por se tratar de fato novo, requer-se a decretação da prisão preventiva do réu; ou, subsidiariamente, pelo menos das seguintes medidas cautelares alternativas à prisão", diz o pedido. Em 2024, o MP Eleitoral do Ceará já havia se manifestado a favor da decretação de medidas cautelares alternativas à prisão contra Ciro Gomes. A procuradoria ainda não se manifestou sobre o pedido de prisão preventiva apresentado pela Advocacia do Senado. O Ministério Público Eleitoral cearense afirma que Ciro cometeu violência política de gênero contra Janaína — o que o ex-governador nega (veja mais aqui). Segundo a promotoria, o ex-ministro da Integração Nacional tentou "constranger e humilhar" a política, "menosprezando-a por sua condição de mulher". O MP denunciou o ex-governador por assediar, constranger, humilhar, perseguir ou ameaçar, por qualquer meio, candidata a cargo eletivo ou detentora de mandato eletivo. A pena é de reclusão de um a quatro anos. Neste mês, a Justiça Eleitoral do Ceará pediu à Superintendência da Polícia Federal no Ceará a abertura de apuração de eventual crime de perseguição de Ciro contra Janaína. Na defesa dentro do processo, Ciro Gomes afirmou que suas falas foram feitas como "críticas políticas à atuação" de Camilo Santana. Os advogados do ex-ministro rejeitaram as acusações de violência política de gênero e argumentaram que Janaína Farias era "apenas personagem secundário no embate" (confira mais detalhes aqui). Procurado pelo g1 para comentar o pedido da Advocacia do Senado, o defensor de Ciro Gomes, Walber Agra, afirmou que não há "requisitos" para que a Justiça acate a solicitação. Agra declarou que a medida é "pesarosa" e que a intenção do ex-governador não foi atacar Janaína Farias. "Não há configuração de crime de violência política de gênero. Não há prisão sem contemporaneidade, depois de tanto tempo dos fatos e sem nenhum requisito de preventiva. Tratar Ciro como marginal não condiz com as práticas do Estado Democrático de Direito. É um abuso a Advocacia do Senado estar cuidando de interesses de alguém que não é mais senador", disse. Ex-governador já foi condenado Em maio deste ano, em uma ação no Tribunal de Justiça do Distrito Federal, Ciro Gomes foi condenado a indenizar, em R$ 52 mil, Janaína Farias por danos morais. Na ocasião, a Justiça do DF também proibiu Ciro, sob pena de multa, de repetir ofensas contra a prefeita. O ex-governador apresentou recurso contra a sentença. Senado pede celeridade Ao pedir a prisão preventiva de Ciro Gomes, a Advocacia do Senado também pediu que a Justiça Eleitoral do Ceará dê celeridade à analise e marque julgamento do caso. Para os advogados da Casa, a eventual condenação de Ciro "servirá de importante parâmetro para as manifestações públicas que ofendam a honra e a liberdade política das mulheres". O que diz Ciro Gomes A defesa de Ciro Gomes rejeitou as acusações de violência política de gênero. Os advogados sustentaram, em manifestações no processo da Justiça Eleitoral, que as falas foram feitas como "críticas políticas à atuação" de Camilo Santana. Segundo eles, Janaína Farias era "apenas personagem secundário no embate". A defesa declarou, no entanto, que Ciro mirou a posse da política como senadora "em razão de sua pouca qualificação". "A finalidade de Ciro fora impor reprimenda pública à atuação de Camilo, prerrogativa que possui enquanto cidadão brasileiro/cearense. A conduta não teve como escopo atingir pessoalmente a senadora da República Janaína Farias em razão de ser mulher", dizem. "Ciro apenas atestou fato de conhecimento público e notório, aferido objetivamente quando posto em perspectiva os feitos que então Senadora realizou durante sua vida pública", acrescenta a defesa do ex-ministro.

FONTE: https://g1.globo.com/politica/noticia/2025/09/07/advocacia-do-senado-pede-prisao-preventiva-de-ciro-gomes-por-ataques-contra-prefeita-de-crateus.ghtml


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